"A influência de Portugal está bem presente na Indonésia"

O novo embaixador da Indonésia em Lisboa, na sua primeira entrevista aos media portugueses, faz o balanço das relações bilaterais e enumera algumas áreas a serem desenvolvidas.<br />
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Qual o balanço, na perspectiva de Jacarta, a fazer das relações bilaterais e que aspectos podem e devem ser aprofundados?
As relações bilaterais são muito boas a todos os níveis. Em termos políticos, há uma forte relação entre a Indonésia e Portugal. Isto reflecte-se nas mais recentes visitas oficiais. Em 2009, houve um encontro de altos funcionários em Lisboa e o secretário de Estado para a Cooperação Gomes Cravinho esteve em Jacarta para contactos com o seu homólogo indonésio; e ainda este mês vai realizar-se uma reunião entre os dois ministros dos Negócios Estrangeiros, ainda em preparação. Neste plano, as relações bilaterais estão a ir muito bem e trabalhamos para que possam ser ainda mais fortes no futuro.

Além do aspecto político...
Também no plano cultural, as nossas relações estão a desenvolver-se muito bem. Os contactos entre os nossos dois povos estão a aumentar. Em 2009, cerca de 12 mil portugueses visitaram a Indonésia; em paralelo, aumenta o interesse dos indonésios em visitarem Portugal. O que vai criar mais oportunidades de cooperação em diferentes áreas. Acredito que o papel da cultura nas relações bilaterais é também muito importante, devido aos laços históricos entre Portugal e a Indonésia. A influência do português na Indonésia está bem presente na cultura, na religião, na linguagem. Existem, por exemplo, muitas palavras portuguesas na língua indonésia: sapato, escola, igreja, mesa, natal e tantas outras. Também a Semana Santa é uma importante tradição católica muito viva na ilha de Flores. Creio que é fundamental revitalizar os laços históricos e culturais para fortalecer as relações bilaterais. Neste ponto, é muito relevante o papel da Associação Luso-Indonésia para a Amizade e Cooperação (ALIAC), presidida pelo embaixador António Pinto da França. Noutro plano, começam a existir estudantes portugueses na Indonésia e vice-versa.

Esse nível de cooperação tem também correspondência no plano económico?

Existe uma boa cooperação, que deve ser reforçada. Há essa possibilidade, pois aquilo que cada país pode exportar para o outro são produtos complementares, não estão em choque entre si.

A Indonésia integra a ASEAN e Portugal a UE. Pensa que pode ser desenvolvida algum tipo de cooperação diplomática entre os dois países que tire partido da presença em cada uma das organizações?
Decerto. A institucionalização do diálogo ASEAN-UE com a criação da ASEM (Asia Europe Meeting), aconselha essa cooperação. Neste sentido, devemos aproveitar a nossa presença neste mecanismo e colaborarmos para benefício dos nossos países e, ao mesmo tempo, recorrermos à presença de cada um nas respectivas organizações e, no caso indonésio, na APEC e no G20. Algo que já foi sugerido por Lisboa. Por outro lado, a ASEAN iniciou não há muito um processo semelhante ao já percorrido pela UE. Aprovámos em 2007 a Carta da ASEAN e até 2014 tencionamos estabelecer três pilares – o político, o económico e o cultural. Estamos ainda longe do patamar da UE, mas iniciámos um processo que nos vai levar até aí.

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